Soube de As vantagens de ser invísivel no cinema. Vi o trailler, nos previews de algum outro filme que já nem lembro mais. Fiquei encantada e decidi que veria aquele filme assim que estreasse. Só que trailler a gente esquece. Eu vi o filme que eu estava pra ver naquele dia no cinema e voltei pra casa.
Eis que, numa dessas sextas chuvosas que tem feito em sp, decidi voltar ao cinemas e As vantagens… havia estreado. O filme coube direitinho no horário que eu tinha, o que nem sempre acontece. Fiquei feliz, comprei um pipocão e fui. E AMEI! O filme é super lindo, sensível e super bem filmado. A trilha sonora, coisa relevante no meu mundo, tinha The Smiths, o que, pra mim, beira a perfeição em filmes.
Saindo do cinema, o Dario, meu sábio marido, me disse a seguinte frase: gostou do filme? O Pips disse que o livro é melhor. Não sei se o Pips disse isso, esqueci de perguntar. Mas a ideia de que o livro pudesse ser muito melhor do que aquele filme fofo me deu comichão e aí eu fiz duas coisas inéditas até então pra mim:
1) Li um livro depois de ter visto o filme
2) Comprei um livro que se auto denomina para “jovens leitores”, categoria na qual nunca me inclui, nem quando era jovenzinha mesmo.
O livro, editado pela Rocco (selo Rocco Jovens Leitores), estava fora de catálogo e foi ressuscitado pelo filme, com capa de poster de filme, sem uma boa revisão e essas coisas chatas. Mas achei que valia a pena encarar. E acertei, eba!
Então, li o bendito. A história, como imagina-se, vai bem mais fundo e os personagens são ainda mais deliciosamente complexos e cheios de um passado que só o protagonista pode nos revelar.
A grande sacada do livro não é nada fácil de segurar no filme. O livro é todo epistolar. Charlie, o narrador e protagonista da história, narra seus dias em cartas que escreve para um amigo desconhecido. O livro começa quando Charlie, depois de passar um ano no hospital após o suicídio de seu único amigo, está às vésperas da volta pro colégio, no primeiro ano do colegial.
As cartas existem no filme, mas Sam e Patrick, os amigos que Charlie faz e que o guiam por uma nova vida de descobrimentos, assim como os outros personagens, deixam de ter o “filtro” do olhar deslumbrado de Charlie nas cartas, o que deixa tudo muito literal na película. Mas é possível entender que o diretor não quisesse fazer um filme todo de leituras de cartas. No filme, as cenas acontecem, não são narradas. Isso faz diferença. O livro é mais interessante porque é mais complexo, já que tudo o que se lê veio da mente de um menino, digamos, sensível demais aos fatos e às pessoas.
Sexo, uma questão bem forte no livro, passa quase que de leve no filme. Música, um tema recorrente e hype no filme, é detalhe no livro.
Outra baixa triste no filme é o pequeno espaço que sobra para Bill, o professor de Inglês Avançado, fundamental no livro e para entendamos quem é o Charlie e, o mais legal, o que ele lê e como se relaciona com as suas leituras.
Mas, claro, o filme tem muitas vantagens. Além da trilha cheia de rockzinhos gostosos (vocês deveriam estar ouvindo isso agora), os atores são ótimos. Destaque pro Patrick, interpretado por Ezra Miller — o menino de Precisamos falar sobre Kevin. De tão bons que são os atores, como eu podia esperar, a medida que eu avançava no livro, os personagens, na minha cabeça, tinham as caras e os jeitos dos atores. Não consegui me desvincular!
De qualquer forma, indico muito o filme e o livro. Juntos, separados, livro primeiro, filme depois, ou o contrário. Uma história bem contada, vale sempre a pena 😉
As vantagens de ser invisível
Stephen Chbosky
Tradução de Ryta Vinagre
Rocco Jovens Leitores, 2007
Preço: R$29,50 (aqui)
ps: Não gostei da tradução! Alguém aí, enquanto lia, sentia que conseguia perceber as frases em inglês por trás do texto em português? Achei realmente ruim. Sorte que a Sam é muito charmosa, o Patrick é muito divertido e o Charlie e muito fofo e a gente esquece tudo!